QUEM ME DERA QUE EU MORRESSE HOJE...
Morrer não é na verdade morrer. Morrer é transformar. Morrer é deixar de ser (José Saramago)
Ó meu Deus, ó Jah,
Quem me dera
Que eu morresse hoje!
Quem me dera
Que esse pó que sou se espalhasse,
Virasse poeira e
E se perdesse nesse céu tão vasto
Ou nesse mar tão largo...
Se eu morresse hoje
Então eu não teria que ter sonhos
Nem teria que traçar destinos,
Eu teria apenas que ter fim...
Que eu findasse numa praça sem monumentos
Longe do rebuliço das pessoas,
Distante da velocidade dos automóveis
Para poder sentir a calma da partida
E para poder me lembrar,
Por um momento apenas,
Como era estar vivo...
Ou que eu findasse
Aos pés das ondas,
Vendo o mar, sentindo-o e banhando-me nele
Para que ele me levasse à eternidade do sepulcro...
Quem me dera que esse pó que sou
Derretesse sob uma forte chuva
E depois fosse embora com as enxurradas
E que sobrasse na minha ida
Apenas um pequeno veio de cal
Indicando levemente
O fim de uma dorida existência...
Ou ainda,
Que o meu corpo se desintegrasse
Feito partículas subatômicas,
Se misturasse ao ar,
Ou que virasse capim,
Que desse vida mesmo depois de morto...
Quem me dera, meu Deus,
Que eu morresse hoje...
Ao menos eu não teria mais
Que juntar forças
Para continuar cada dia
Levando embora esta sangrenta dor...
Se eu morresse hoje,
Nunca mais eu teria que pensar...
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