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SOU GOIANO

Sou caipira aqui nascido Sou do interior goiano Da fomosa Luziânia Da beirada dos barranco Do airoso Corumbá – Me eduquei com meu avô – Que na roça foi dotô Que me ensinou a labutar Nasci e cresci caboclo Nessa imensa e rica terra Eu matuto muito esperto Cultivei planalto e serra ― É a cultura que carrego Que me orgulha e me fascina ― Mas óia, aprendi a ler, Foi com Cora Coralina. Sou dessa gente que luta Que briga e não esmorece Sou parte desse povão Que a Deus tudo agradece Foi um anjo brincalhão Que às veis fala assobiano Na hora que eu fui nascer Ele disse: “esse é goiano”. Eu vivo desde janeiros Na corrida e no lavor Eu na minha meninice Já manobrava o trator – Namorei na rua à noite – Lá na Praça das Três Bicas Eu bebi daquela água – Quem beba dela aqui fica Eu cresci vendo o Divino E também o Fogareu Cultura de antepassados Que ao tempo sobreviveu Foi minha mãe, Dona Preta, Que assim me ensinou: “As raiz do nosso povo Vai com nós onde nós for” Se me perguntam de onde so

O ÔNIBUS DO HORROR

O ônibus do horror Um dia chuvoso na agitação de uma cidade, horário de pico. O ônibus 247 da Viação Boa Viagem fazia seu trajeto habitual pelo centro da cidade, com itinerário para um bairro da periferia, cerca de 3 quilômetros. O motorista faz paradas ante solicitações em cada ponto, e as pessoas vão se amontoando nas cadeiras e no corredor, até que o veículo fica lotado. A lotação máxima acontece muito antes do destino, mas mesmo assim o motorista vai parando, alguns descem e muito mais gente vai subindo. É por isso que ele tem o sugestivo nome de coletivo, porque vai “coletando pessoas como se fossem contribuição, parada após parada”, para, ao final, despejá-los em algum lugar. Essas características não deprimem o motorista, o cobrador ou muito dos passageiros, acostumados que estão às mesmíssimas coisas todos os dias. É uma parte nefasta da cruenta luta diária dos trabalhadores, mães, pais, estudantes e velhos do Brasil. E assim é em todo o território nacional: onde quer que ha

VOCÊ TEM O GOVERNO QUE “MERECE”?

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“Cada povo tem o governo que merece”, asseverou Joseph-Marie Maistre (1753-1821). Trata-se de uma constatação absurda e cruel e denota apenas uma desesperada opinião. Obviamente, saem das urnas os políticos que dizem o que o povo quer ouvir, não quem diz a verdade. Quem inventa consertos mirabolantes, não quem vê que algo está errado. Indivíduos que põem o dedo na ferida e que se condoem com a situação precária da comunidade, da sociedade, e que deseja mudar o que existe por ver aí erros não terá vez no rol dos agraciados com o poder público a não ser em bem poucas vezes, quando a lucidez parecer acudir aos votantes. Isso porque o povo, isto é, aquele que vota e legitima o poder, só gosta de quem lhe passe a mão na cabeça, de quem lhe dá algum “presente”, de quem lhe engane com promessas vãs. Contudo, sair das urnas os políticos mais canalhas, e ser dado a eles o poder e o direito de decidir por todas as pessoas por determinado período não quer dizer que aqueles que não votaram

LIBERDADE DE EXPRESSÃO: SERVE PARA QUÊ?

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LIBERDADE DE EXPRESSÃO: SERVE PARA QUÊ? A liberdade de expressão é um direito constitucional, mas é prejudicial e faz mal. A Carta Magna assegura que “é livre a manifestação de pensamento” (art. 5º, IV), mas o legislador se esqueceu de dizer que é melhor se manter quieto, calado, mudo, baixar a cabeça pra tudo, porque se a pessoa abrir a boca para falar, caçarão esse direito de todas as formas. Então, a pessoa precisa ponderar o que vai dizer, precisa ver em qual terreno escorregadio dos interesses está pisando, precisa ter o cuidado terrível de se omitir. O mesmo artigo diz que “é velado o anonimato”. Ora, amigos, se o falante se mostrar, se tiver a petulância de erguer sua voz contra autoridades ineficientes, se tiver a desfaçatez de se aproveitar desse direito e cumprir com o dever que lhe é correlato, sofrerá consequências bastante desagradáveis. A liberdade de expressão, a meu ver, só é válida quando a pessoa fala besteiras sem jamais opinar sobre algo de relevância. Esse dir

NÃO IMPORTA ONDE VOCÊ JÁ CHEGOU. IMPORTA ONDE VOCÊ ESTÁ INDO

Na vida, muitos acontecimentos são questão de escolha, de estabelecer metas e de trabalhar para cumpri-las. Nem todos começamos bem a caminhada, mas no decurso de nossa jornada, podemos mudar a trajetória de nossas vidas e seguir um rumo estabelecido para alcançar objetivos que nos darão, no final, a sensação de que fizemos tudo o que queríamos fazer e que, por isso mesmo, a vida foi altamente bem-sucedida. Um professor contou uma pequena história. Na história dele, o cara nasceu numa pequena cidade do interior, chão de terra batida, poucas alternativas. Ou seja, o começo não foi bom, mas isso não dependia dele. Dependia dos pais dele. Esse cara, na vida adulta, se mudou para outra cidade. Quando casou, tinha pouco mais que dois colchões de solteiro, que de dia eram sofá e de noite eram cama de casal, uma tevê e alguns móveis de cozinha, e morava num pequeno apartamento de 38 m². No dia do seu primeiro aniversário de casamento, ele foi comemorar num restaurante bem simples e ali, n
Em 2006 escrevi um texto intitulado SALVEM A IGREJA DO ROSÁRIO. Era um grito contra a construção de um posto de gasolina em frente ao imóvel sagrado de nossa história e que, por conseguinte, macularia a visão do velho prédio sagrado. Mas não só isso. A construção do posto naquele local era proibida, como ficou evidente depois. Mas num primeiro momento, era proibida porque assim a Lei municipal o determinava. O texto era, concomitantemente, um grito contra o legislar em causa própria e contra a total falta de interesse que os políticos locais à época tiveram em proteger um patrimônio tombado que é também um símbolo da religiosidade do nosso povo. Pois bem, naquela ocasião a lei foi modificada, a modificação foi sancionada pela autoridade máxima, e a construção do posto foi iniciada. Ainda estão lá as estruturas metálicas. Graças a Deus ou à Virgem Maria, eu suponho, as autoridades judiciárias resolveram interferir e, por força de lei maior, a construção foi vetada. E hoje, 25/09/2011, a

QUEM ME DERA QUE EU MORRESSE HOJE...

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Morrer não é na verdade morrer. Morrer é transformar. Morrer é deixar de ser (José Saramago) Ó meu Deus, ó Jah, Quem me dera Que eu morresse hoje! Quem me dera Que esse pó que sou se espalhasse, Virasse poeira e E se perdesse nesse céu tão vasto Ou nesse mar tão largo... Se eu morresse hoje Então eu não teria que ter sonhos Nem teria que traçar destinos, Eu teria apenas que ter fim... Que eu findasse numa praça sem monumentos Longe do rebuliço das pessoas, Distante da velocidade dos automóveis Para poder sentir a calma da partida E para poder me lembrar, Por um momento apenas, Como era estar vivo... Ou que eu findasse Aos pés das ondas, Vendo o mar, sentindo-o e banhando-me nele Para que ele me levasse à eternidade do sepulcro... Quem me dera que esse pó que sou Derretesse sob uma forte chuva E depois fosse embora com as enxurradas E que sobrasse na minha ida Apenas um pequeno veio de cal Indicando levemente O fim de uma dorida existência... Ou ainda, Que o meu co