FELIZ ANIVERSÁRIO
Parece que ninguém se importa com tua aparência.
Tua sujeira
E os teus rios inundados reclamam atenção
Mas ninguém dá.
Tua gente, essa que mora nas tuas reminiscências,
São relegadas como estorvo,
E em teus salões o senhorio ri,
Cioso de suas realizações...
O que tens para oferecer?
Para qual século te levam os teus passos?
Que rosto terás amanhã?
A santa do teu culto nem mesmo te vê...
Os olhinhos fechados são para não enxergar o que se passa
E o badalo do sino
Só serve para assinalar mais uma missa...
Essas crianças com o nariz escorrendo lhe causam nojo?
Essas mulheres prenhes lhe assustam?
Essas mortes prematuras anunciam algo?
É teu destino, Senhora, essa peleja.
Mas, lutar pelo quê?
És apenas uma velha, Senhora,
“Cidadezinha qualquer” na rota de muita gente,
Em que até a Missão Cruls fez passagem por teu solo
Para anunciar os auspiciosos novos tempos do país,
País que se esqueceu de você
Até mesmo na passagem de Prestes.
E assim permaneces,
Tão próxima da Capital
Na rota do bem e do mal...
Abre teus olhos santos,
Olha com atenção, veja essa gente gemendo...
Olha, repara, pergunta, ouça atentamente, ouça essa gente gritando...
Não dissimule afeição ao pobre
Nem estendas a mão ao mendigo se não for com presteza;
Não bajules o homem de posses
Nem reze sem comoção;
Não prescrevas o futuro que não terás...
Pareces tão certa de si,
Que ao teu passado tudo remontas...
Cultivemos o passado,
Mas vamos deixar que o futuro nos chegue.
Abre os braços à juventude, às idéias da juventude, aos ideais da juventude...
Cuida da tua juventude...
E pára de se apegar tanto ao passado,
Que nem foi assim, glorioso, como alardeiam,
Senão de exploração...
Como ainda hoje se derrama o tempo em nossos ombros
E a lembrança do chicote e do açoite, do ferro e do pelourinho.
Litúrgica Senhora do interior da Pátria,
Pátria nossa e mãe de tantos,
Reveja o que tens feito com os teus filhos
E, se não derramares uma lágrima por cada um
Até se formar um rio,
Nada terás visto;
Se não sentires no peito dores agônicas
Até teu peito exalar um suspiro,
Nada terás sentido;
Se não deplorares cada instante de tua luxúria,
Até sentires repulsa,
Então não terás deplorado nada...
E tudo o que nos restará é lamentar por ti,
Que permanecerás uma senhora velha e caduca,
Largada nos arcabouços da História
Sem escrever nenhuma história decente ...
Parece que ninguém se importa com tua aparência...
Eu me importo e em tuas ruas eu ando, vivo, existo e penso,
E tudo o que tenho para dizer neste teu aniversário
É que lamento...
Eu lamento, Senhora velha, lamento...
Lamento pelo que te fazem e lamento pelo que ainda te farão...
Mas eu sei que serei calado amanhã, diante do teu rei,
Quando ouvirem este meu lamento...
Vida longa ao teu rei, teus senhores e teus algozes...
Que eu terei a mais tranqüila morte,
Sabedor que sou
De como lhe maltrataram...
Vida longa ao povo,
Que se finge para o rei
E que no largo salão
Se curva aos seus pés...
Que eu terei a memória mais limpa,
Sabedor que sou
De como te bajularam...
Vida longa ao pároco...
Que eu terei a mais pura unção,
Sabedor que sou
De como por ti implorei...
...
Homenagem a Luziânia em seus 259 anos,
celebrados em 13 de dezembro de 2005.
Tua sujeira
E os teus rios inundados reclamam atenção
Mas ninguém dá.
Tua gente, essa que mora nas tuas reminiscências,
São relegadas como estorvo,
E em teus salões o senhorio ri,
Cioso de suas realizações...
O que tens para oferecer?
Para qual século te levam os teus passos?
Que rosto terás amanhã?
A santa do teu culto nem mesmo te vê...
Os olhinhos fechados são para não enxergar o que se passa
E o badalo do sino
Só serve para assinalar mais uma missa...
Essas crianças com o nariz escorrendo lhe causam nojo?
Essas mulheres prenhes lhe assustam?
Essas mortes prematuras anunciam algo?
É teu destino, Senhora, essa peleja.
Mas, lutar pelo quê?
És apenas uma velha, Senhora,
“Cidadezinha qualquer” na rota de muita gente,
Em que até a Missão Cruls fez passagem por teu solo
Para anunciar os auspiciosos novos tempos do país,
País que se esqueceu de você
Até mesmo na passagem de Prestes.
E assim permaneces,
Tão próxima da Capital
Na rota do bem e do mal...
Abre teus olhos santos,
Olha com atenção, veja essa gente gemendo...
Olha, repara, pergunta, ouça atentamente, ouça essa gente gritando...
Não dissimule afeição ao pobre
Nem estendas a mão ao mendigo se não for com presteza;
Não bajules o homem de posses
Nem reze sem comoção;
Não prescrevas o futuro que não terás...
Pareces tão certa de si,
Que ao teu passado tudo remontas...
Cultivemos o passado,
Mas vamos deixar que o futuro nos chegue.
Abre os braços à juventude, às idéias da juventude, aos ideais da juventude...
Cuida da tua juventude...
E pára de se apegar tanto ao passado,
Que nem foi assim, glorioso, como alardeiam,
Senão de exploração...
Como ainda hoje se derrama o tempo em nossos ombros
E a lembrança do chicote e do açoite, do ferro e do pelourinho.
Litúrgica Senhora do interior da Pátria,
Pátria nossa e mãe de tantos,
Reveja o que tens feito com os teus filhos
E, se não derramares uma lágrima por cada um
Até se formar um rio,
Nada terás visto;
Se não sentires no peito dores agônicas
Até teu peito exalar um suspiro,
Nada terás sentido;
Se não deplorares cada instante de tua luxúria,
Até sentires repulsa,
Então não terás deplorado nada...
E tudo o que nos restará é lamentar por ti,
Que permanecerás uma senhora velha e caduca,
Largada nos arcabouços da História
Sem escrever nenhuma história decente ...
Parece que ninguém se importa com tua aparência...
Eu me importo e em tuas ruas eu ando, vivo, existo e penso,
E tudo o que tenho para dizer neste teu aniversário
É que lamento...
Eu lamento, Senhora velha, lamento...
Lamento pelo que te fazem e lamento pelo que ainda te farão...
Mas eu sei que serei calado amanhã, diante do teu rei,
Quando ouvirem este meu lamento...
Vida longa ao teu rei, teus senhores e teus algozes...
Que eu terei a mais tranqüila morte,
Sabedor que sou
De como lhe maltrataram...
Vida longa ao povo,
Que se finge para o rei
E que no largo salão
Se curva aos seus pés...
Que eu terei a memória mais limpa,
Sabedor que sou
De como te bajularam...
Vida longa ao pároco...
Que eu terei a mais pura unção,
Sabedor que sou
De como por ti implorei...
...
Homenagem a Luziânia em seus 259 anos,
celebrados em 13 de dezembro de 2005.
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