O TEMPO
Desejo permanecer,
Mas há um vão pelo qual escorro,
Uma ampulheta colocada fora do pedestal
E bem longe do altar
E que me arrasta,
Lenta e suavemente,
Em fragmentos,
Para o
Sempre.
O tempo não me melhora: corrói-me.
Enxergo menos nítido
E ando com menos pressa,
E aonde eu vou
Eu chego e já é passado.
O tempo não me refina: estorva-me e me torna um chato.
Confio menos nas palavras
E na bondade eu creio com desconfiança.
Produto inacabado,
No ângulo do esquadro
Em não me enquadro por inteiro.
Eu, efeito de sua perecibilidade,
Jamais vencerei a batalha dos
Imortais.
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